Com a fé na bagagem

Julia na igreja Rainha Santa, em Coimbra

Jovem ativa no trabalho pastoral da São Vicente, Júlia Pessanha Barros não esqueceu a fé ao viajar para um período de intercâmbio na Universidade de Coimbra, em Portugal. Aluna da Uenf, Julia está no exterior desde setembro de 2012. Apesar da pesada rotina de estudos, participa intensamente da vida da Igreja por lá. Enquanto os horários foram compatíveis, Julia se inseriu na catequese infantil da Paróquia de São José.

- Senti algumas diferenças nas coisas aqui. O material para catequese, por exemplo, eu acho um pouco adulto demais e redundante para a idade deles – conta Julia, que trabalhou com cerca de 24 crianças na faixa dos seis anos.

Segundo a jovem, o livro da catequese de primeiro ano enfatiza a amizade com Jesus, mas parece não preencher a sede das crianças por mais conhecimentos.

- Elas estavam ligadas às coisas e notícias da Igreja, perguntavam muito e às vezes me pediam para não responder, pois achavam que as crianças não tinham idade para saber de tal assunto, como o relato da Criação do homem e da mulher, Adão e Eva

Sua percepção dos portugueses em geral é de pessoas mais “fechadas” do que no Brasil, inclusive na Igreja, onde não há uma recepção especialmente calorosa. Mas Julia diz que foi muito bem tratada quando manifestou interesse em ajudar na catequese.  Embora a Liturgia seja a mesma em todo o mundo, algumas diferenças exteriores podem ser notadas. Por exemplo, as respostas à Oração Eucarística são um costume do Brasil.

Julia com os pequenos da catequese em Coimbra

- Cá não tem procissão de entrada, o sininho na hora da oração eucarística, e o credo é aquele completo – diz Júlia, já com indisfarçável sotaque português.

Num cenário ainda mais comum em outros países da Europa, há poucos sinais de fé cristã no cotidiano das pessoas de Coimbra, na percepção de Julia.  Segundo a estudante, há um grupo de jovens católicos na universidade onde estuda, mas a maioria dos jovens que ela conhece sequer acredita em Deus.

Uma das coisas que mais tem marcado sua espiritualidade neste período longe de casa é a forma como a Missa é conduzida, especialmente o canto litúrgico.

- É algo mais tranquilo, suave...de instrumentos musicais é só piano, violino e violão...isso quando não são apenas as vozes mesmo. No início eu estranhei muito, mas hoje isso me faz concentrar-me mais no real sentido da Missa – conta.